1930/12/21 Operário Vilafranquense 0 x Benfica 2

Equipa de Honra do Operário Vilafranquense no 'Campo da Aclamação' em 1929.
Foto do Jornal 'Mensageiro do Ribatejo' 1930.
NOTA: O jogo foi jogado no 'Campo da Aclamação' numa altura em que o Operário não detinha recinto próprio depois de expropriado o Campo do Telhal (1930) e conta com algumas futuras estrelas do Futebol Nacional como Vítor Silva um dos primeiros internacionais por Portugal nos jogos olímpicos de 1928.

Desafios para Domingo:

Vitor Silva estrela do Benfica
e presença assídua em Vila Franca
de Xira nos anos 30
[...]Reina grande entusiasmo no meio desportivo do nosso concelho, pela vinda a esta vila, no próximo domingo, da categoria de reserva do popular Sport Lisboa e Bemfica, que naquela categoria, no campeonato da capital, se encontra em primeiro logar.

Possivelmente, alinhará na referida reserva o scientifico internacional, Vitor Silva, que, a pedido dum grupo de sócios do Operário e que são, ao mesmo tempo, socios titulares e antigos do Bemfica, da melhor vontade acedeu a tão amável convite. As nossas felicitações á direcção e ao Conselho Técnico dos pretos e brancos, por tão proveitosa deslocação.

A reserva do Bemfica apresentará a seguinte constituição: Dyson, Josué e L. Costa; Pedro Ferreira, Travassos e Coelho; Mario Carvalho, Sampaio, Vitor Silva, Pedro Silva e Eugénio Salvador. O team de honra do Operário estreará no domingo a sua nova equipe. Arbitro: Josué Malta. [...]"

Vítor Silva estrela do Benfica e presença assídua em Vila Franca de Xira nos anos 30

Mensageiro do Ribatejo nº49
18 Dezembro de 1930

Operário Vilafranquense 0 x Benfica 2

Vila Franca de Xira 21 de Dezembro de 1930
A reserva do Bemfica vence o team de honra do Operario, por 2 -0.
Foto do Jornal Vida Ribatejana
de 1 de Janeiro de 1931
Como demonstração o desafio deixou muito a desejar.

A reserva do Bemfica, entra primeiramente em campo, e perfilada, faz as saudações usuais. Prolongada salva de palmas. Entram depois os nossos "players". As mesmas saudações; e ovação diferente a atestar o nosso -por vezes- diminuto bairrismo. Acompanhada dos dirigente técnico do Operário, D.Maria Boa-Morte, entra no rectângulo, e depois de alinhados os grupos, dá o pontapé de saida, bem forte por sinal... Se fosse em concurso, teria decerto merecido uma aprovação.

J.Malta apita, e o encontro começa, demonstrando-nos nos primeiros minutos, o que todos nós, sportsmans, havíamos já previsto: absoluta vantagem do lado "vermelho".
A titulo de experiência, o Bemfica inicia com jogo alto. Reconhece porem perder vantagem nesse jogo, e Sampaio, inteligentemente, indica o "jogo raso", imitado de seguida pelos seus companheiros.


Entram em franco domínio. A aza esquerda bemfiquense conduz bons avançados, furando frequentes vezes, apezar da regular actuação do nosso half-direito. Carlos Coelho defende agora, numa entrada feliz com um golo quasi feito. E ainda a emoção causada não cessou, outro tiro parte, e passa rente á trave. Avançam agora os nossos por intermedeio de Rosmaninho. Com o frequente mau dribling feito por este jogador, o trabalho de Travassos é imenso facilitado. F. Santos, mais cuidadoso, mais jogador, aproxima-se de forma diversa das redes bemfiquenses, e aponta forte, mas torto. Um esforço de minutos, inutilizando involuntariamente em um segundo.

O Bemfica continua a dominar, contribuindo um pouco para isso, a má exibição que J. Francisco está fazendo. M. Carvalho tem optimos avanços, centros colocadissimos que a experiência de Calção sabe inutilizar e o final do primeiro tempo surge demonstrando-nos: domínio vermelho, boa exibição da nossa defeza, e pouca energia no quinteto avançado.

Segunda Parte

Os nossos parecem  acusar  relativo cansaço. O esforço, dispendido no primeiro tempo, foi logo de
Página Desportiva do Mensageiro do Ribatejo nº50
de 25 Dezembro de 1930, Ano I
importante. Antevêmos que os nossos vão sofrer pesada derrota. Temos no entanto fé, quando não em outros, pelo menos em C. Coelho, o homem que não costuma desanimar. As jogadas sucedem-se, agora mais alternadamente nos dois campos mas mais no nosso e o primeiro goal do Bemfica surge, depois  duma confusão.

O Bemfica volta a dominar, e só não marca, devido á nossa defeza, que continua bem atenta. A. Sousa, atira agora de longe, esquecendo-se talvez que nas redes está M. Alexandre. Rosmaninho, continua a perder jogo, que sabe receber bem, como bem sabe perder... e entretanto novo goal aparece sem defeza possível. Surge um conflito, que parecendo ligeiro, se transforma em "grande conflito". E o jogo prossegue, depois dum breve intervalo. O comando continua a pertencer á equipe de facto, mais forte, á que faz melhor futebol.
E com o resultado de 2 bolas a 0, o jogo, que minutos antes perdera quasi o interesse, é dado por findo.

Apreciando os Jogadores:


José Murtinheira, Lenda do Operário Vilafranquense
Do Bemfica: todos no mesmo plano de igualdade, pela sua já larga experiência. Luiz Costa, bastante duro e violento mesmo, por varias vezes. Costa, (half-esquedo), mais do que duro, mais do que violento, talvez por ser de categoria inferior.

Dos nossos: Coelho, em magnifica tarde, guarda-rede em que jogo a jogo, mais se pode confiar. Roque e Soares: francamente bons. Ligeira vantagem do segundo. A meia defesa, quanto a nós, é a formação mais fraca do "team". Murtinheira tem actualmente a valoriza-lo, em jogos desta responsabilidade, unicamente a sua enorme vontade e relativa practica.

Mensageiro do Ribatejo nº50
25 Dezembro de 1930

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