Lendas: Francisco Inácio Machão

Francisco Inácio Machão
Ainda está no nosso espírito a hora trágica em que vimos desparecer para todo o sempre alguém que se chamou Francisco Inácio Machão.

Foi na manhã de 26 de Janeiro de 1934 que a morte lhe bateu á porta eá noite o arrebatou, sem que disso ninguém o esperasse. Um edema pulmonar agudo fez parar um coração cheio de Fé e de Vida.

Esse rapaz, filho da plebe, filho de gente do mar, vinha dia a dia marcando a sua posição social. Todos os ribatejanos, certamente, o conheciam, mas, quem escreve estas palavras, conhecia-o desde garoto.

O início da sua carreira foi como "groom" do Club Vilafranquense. Alguém viu nele um rapaz de futuro sendo contratado como empregado no Banco Souza & Lopes d'esta vila. Estimado pelos seus superiores e colegas, brevemente grangeou uma posição solida adentro deste estabelecimento.^

A sua vontade de se firmar era tão grande, que dali transitou para o Banco Espírito Santo, de Lisboa, onde o consideravam um empregado exemplar.

E assim, conseguiria certamente um lugar de destaque no comércio bancário e talvez mesmo, na Sociedade.

A morte ceifou-o cedo, muito cedo, tão cedo que nem ele o esperava. Ainda nas suas poucas horas de sofrimento, acalentava a esperança de que a tempestade passasse. Lutou, lutou muito, mas todos os seus esforços foram improficuos.

O Águia Desportivo - 03 de Maio de 1934
A sua folha, como sportsmen, era das melhores. Pequeno ainda, ingressou no Águia. club que ele amava como se fosse um ente querido. Chamava-lhe a sua casa que era um tentáculo da sua vida.

Como footballista, marcou uma posição dificil de preencher no desporto local. A primeira vez que envergou o maillot do seu Club, e essa na 2ª categoria, pôs-se num nivel superior aos seus companheiros de equipe. Chama a atenção dos dirigentes do seu club, e no ano seguinte, já o vimos no seu "team" de honra. A sua escolha, acertadíssima, mostrou-nos um jogador de futuro.

Com um físico frágil mas com uma alma grande consegue consolidar a sua inclusão no "team".
Victorino, ele, rosmaninho, J.Bico e Caravela, formaram o quintento avançado mais homogénio, mais aguerrido e mais completo, que temos visto, até hoje, nos grupos Vilafranquenses.

Ainda no ultimo campionato, enquanto jogou, a sua presença dava alma aos companheiros, e era ele quem orientava as hostes avançadas do Águia. Jogou também no Grupo Desportivo "Os Fósforos" e no grupo do Banco Espírito Santo. Em atlétismo pouco fez. A sua última prova foi num "cross", organizado pelo Sport Lisboa e Vila Franca, conseguindo, apesar de desistir, com que o seu club ganhasse os 5 primeiros prémios.

Praticava também natação, mas nessa modalidade nunca representou o club.
Pertencia á Comissão Admnistrativa e a sua falta tem sido bastante sentida. Não se encontra, facilmente, quem reuna os seus dotes. Era um bom orientador, devendo-lhe o Águia uma cota parte do seu desenvolvimento.

Luiz Melo
O Águia Desportivo
03/05/1934

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