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| José Feliciano Capitão do U.D.Vilafranquense |
Por um dever de justiça vamos hoje dar à estampa, nas colunas da «Vida Ribatejana», a figura de José Feliciano, jogador do «team» de honra do Vilafranquense. E aproveitando a bela ocasião que se nos oferece, resolvemos, também, ouvir este apreciado jogador acerca da sua vida de atleta.
José Correia Feliciano -seu nome completo- nasceu em Vila Franca de Xira, no dia 18 de Fevereiro de 1931, contando, portanto, 30 anos de idade. Iniciou-se na categoria de infantis do Operário Vilafranquense, de onde transitou para os juniores e destes à primeira categoria. Desempenhando a lugar de interior direito passou, mais tarde, a médio de ataque.
Embora já não possua a fulgurância da sua juventude, porque o tempo não perdoa, José Feliciano, ainda hoje é uma necessidade no conjunto da sua equipa. José Feliciano tem sido o orgulho da sua terra, pois a sua vida de verdadeiro atleta amador não precisa de adjectivos, tão eloquente ela se tem mostrado. Carreira excepcional a deste futebolista, que tem honrado sobremaneira as cores, do seu clube e o nome da nossa Vila Franca de Xira. Feliciano, desportista ecléctico, pois nem só o futebol lhe interessa, muito embora seja esse o seu desporto predilecto, é um rapaz simpático e com quem agrada travar conversação. Quer no jogo, quer na sua vida particular, é calmo e ponderado. Um bom rapaz. Ouvindo as suas opiniões:
- Quais são as modalidades desportivas que mais aprecias?
- Além do futebol, o hóquei em patins e a columbofilia. Tenho, naquela modalidade, pertencido aos quadros do Hóquei Clube de Vila Franca, mas nunca tendo alinhado, oficialmente, por motivo da prática do futebol.
- Representaste sempre o futebol da tua terra?
- Sim, Foi nela que iniciei os primeiros passos para a prática do futebol, que me havia de granjear tantas amizades. Será nela que a minha retirada... se fará.
- Nunca te convidaram a inscrever noutro clube??
- Épocas atrás o S.L. e Benfica, o Estoril Praia, e os clubes da A. F. de Leiria, nomeadamente Marinhense e Caldas e também o F.C. de Alverca me procuraram e incitaram para tal fim. Mas nunca me deslumbraram tais convites.
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| José Feliciano em 1957 |
- Quais as melhores recordações da tua carreira de jogador?
- De todos os bons momentos que vivi, dentro do desporto, não posso esquecer a manhã daquele domingo em que os juniores do Operário venceram no Estádio das Salésias, a igual categoria do C.F.«Os Belenenses». Também me recorda a tarde em que após termos derrotado, por 3-1, o Águia, no seu reduto, me levaram em triunfo e a crítica me elegeu o melhor dos 22 em campo.
- Naturalmente, hás-de ter uma recordação penosa.
- Sim. O jogo em que o Operário precisava de ganhar por uma diferença de três bolas, pe-rante o Operário da capital, e só a infeliz arbitragem de um tal sr. Anacleto Gomes nos privou de tamanha façanha. Recordo ainda — com mágoa — que neste jogo, sem ser expulso, sofri a primeira pena disciplinar da minha carreira ao longo de 15 anos de actividade. Além deste fui apenas castigado num jogo contra o Casa Pia, sem razão. Ainda mais recente, tenho a recordação do jogo efectuado há pouco mais de um mês, no Tramagal, Não pela derrota sofrida, mas sim pelos acontecimentos verificados após o jogo em que fomos molestados injustificadamente.
- Sobre a tua festa, a realizar na próxima quinta-feira, dia 1 de Junho, pretendia que disséssemos algo de interesse...
-Já que me é dada oportunidade, quero agradecer aos clubes e entidades oficiais que se prontificaram a colaborar no programa. Agradecimento este que é extensivo a dirigentes, Colegas e adversários e imprensa. Espero também que os desportistas da minha terra e de todo o concelho não deixem de comparecer à festa e para os quais antecipo o meu abraço de agradecimento.
Pondo ponto final neste breve colóquio não queremos deixar de testemunhar a nossa melhor gratidão ao brioso e disciplinado atleta da nossa terra, e que, ao ser-lhe colocada no peito a medalha de correcção e disciplina da A. F. L., ele sinta o pago da sua nunca desmentida lealdade. Parabéns, Feliciano. E até quarta-feira!
in Vida Ribatejana
07 de Maio de 1961
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