Sport Lisboa e Vila Franca


Sport Lisboa e Vila Franca

Fundado em 28 de Março de 1930, por um grupo de adeptos do popular Sport Lisboa e Bemfica, que constituiu esta promissora colectividade como a sua 16ª filial.
Dos principais promotores da Comissão Administrativa, pró-organização do Clube, aprovada na referida data, destacam-se, entre outros:

- Francisco Militão Coelho (Presidente)
- Artur da Silva Silveira (Secretário)
- Francisco Grilo
- Francisco Baron, Joaquim Ribeiro e José Ramalho (vogais)
- Rodrigo José Pedro Goes (Presidente da Assembleia)



Os seus fins estatutários propunham desenvolver actividades desportivas, culturais e recreativas dos associados e familiares. O seu emblema, desenhado pelo sócio Júlio Goes, simbolizava uma águia a suspender o brasão de Vila Franca de Xira encimado sobre o lado superior de um triângulo com dois fundos vermelhos laterais e uma faixa branca ao centro.

As iniciais do clube SLVF sobrepõem-se a uma outra faixa branca colocada horizontalmente ao referido lado superior do triângulo. O equipamento do Sport Lisboa e Vila Franca era composto de camisola e meias vermelhas com canhão e calções brancos.


Equipa do Sport Lisboa e Vila Franca:
Bandeira - Guilherme Pedro; Domingos Bento, Raul Descalço, Manuel da Silva,
Lisba, João Ramalho, António Rodrigues, José Luís, José Maria Soares,
José da Mariana, Nicolau Catoja, Roque; mascote - Amado Diniz.


A primeira sede utilizada entre 1933 e 34, na Rua Almirante Reis nº13, 1º no cais de Vila Franca junto ao Rio onde funcionava uma sala para jogos de Ténis de Mesa; outra para estudos e duas divisões no terraço exterior – uma para a direcção e outra para arrecadação. As paredes das salas estavam decoradas com frases de Alves Redol, destacando-se “Se um adversário agredir não o odeies lamenta-o”.


O Salão Liberdade, estabelecimento do sócio fundador Rodrigo José Pedro Goes – o pai Goes – na Av. Pedro Victor nº112, funcionou também como Tertúlia “de sensibilização para questões políticas, sociais, humanas” – conheceram episódios passados em Timor pelo Rodrigo Goes, operário gráfico enquanto deportado. Igualmente funcionava como “delegação” so S.L.V.F. onde se falava sobre as actividades do Clube e se obtiveram inscrições de novos sócios. Era frequentado por um variado estrato social desde Alves Redol ao “Carpinteiro António José de Sousa, o cigano António Teles (o Cambão)... e quantos mais!”.


Ainda aí recebiam visitas de figuras populares do desporto nacional (e não só), sem facciosismos clubistas, como os campeões nacionais de ciclismo de então, José Marina Nicolau (Benfica) e Alfredo da Trindade (Sporting).

O Sport Lisboa e Vila Franca utilizou dois campos de jogos:

- Campo da Aclamação, encerrado em 1931 por decisão da Companhia de Telefones, alegando os perigos da existência dum poste telefónico na área do campo de jogos.
- Campo Atlético de S.Sebastião, propriedade do Grupo Futebol Operário Vilafranquense.
A segunda sede utilizada entre 1934 e 1940 na Rua Gomes Freire 9 e 11 R/C, por baixo do Colégio Afonso de Albuquerque que funcionava no primeiro andar. Sendo exíguo o espaço destas instalações, algumas actividades culturais e recreativas foram realizadas solidariamente nas sedes do Grémio Artístico Vilafranquense e da Sociedade União Musical Vilafranquense.

As principais actividades do Sport Lisboa e Vila Franca foram nas modalidades de Futebol, Ténis de Mesa, Ciclismo, Atletismo mas também com uma vertente cultural com cursos de alfabetização, Esperanto, Palestras e uma pequena Biblioteca.

Os cursos iniciados no início de 1933, foram promovidos por Alves Redol, José Ferreira de Almeida, entre outros e tiveram um acolhimento significativo por parte de dezenas de participantes. A Comissão Pró-Biblioteca era constítuida também por António Dias Lourenço, Carlos Pato, Arquimedes Santos, Mário Rodrigues Faria, Afonso Garcez da Silva e Emanuel Lopes Jordão. Foram também organizados vários ciclos de palestras sobre variadas temáticas.


Ventura Ferreira, Ciclista do
Sport Lisboa e Vila Franca

A nível futebolístico, depois vários particulares em 1932/33 onde jogava no campo do Operário, num torneio de final de época o clube foi suspenso por desentendimentos com os jogadores da casa. Na época seguinte o clube estreia-se no Campeonato da Linha de Vila Franca juntamente com o Águia Sport Club Vilafranquense, Grupo Futebol Operário Vilafranquense, União Estrela Marítimo Vilafranquense, Alhandra Sporting Clube e Alverca Futebol Clube. Em 1934 viria a participar nos campeonatos da A.F.Lisboa.

O clube também se distinguiu no ciclismo, onde Joaquim Alenquer venceu a prova Vila Franca Cartaxo e volta, na Volta ao Ribatejo e na prova Lisboa-Alhandra.
Em Atletismo, organizou um Cross em 1934 e participação em provas de velocidade, meio-fundo, fundo, estafetas, barreiras e saltos.

Em 1940, após efémera vivência, o Sport Lisboa e Vila Franca foi extinto pelo administrador do concelho Major Delgado, pelo facto de se “atrever a dar aulas de alfabetização”.

O SLVF dentro das suas limitações desenvolveu meritória actividade ao serviço do desporto, da cultura e do ensino, sendo estas incómodas aos poderes políticos da época.



Domingo 11 de Maio de 1930, 15h00. Stadium S.Sebastião, Vila Franca de Xira.
Grupo Foot-Ball Operário Vilafranquense (Reservas) 2
Sport Lisboa e Vila Franca (Mixto) 1

Tarde convidativa a desafiar os adeptos, que compareceram no Campo Atlético de São Sebastião, demonstrando o crescente interesse dos vilafranquenses que acorreram em massa para presenciar estes encontros.
Artur Conceição
"Carapau"
O Jogo inicia-se às 15 horas, sob arbitragem de Luiz Salvaterra sendo “um encontro esmaltado de um certo ambiente, para o que bastante concorreu as detestáveis ‘claques’ que desconhecendo os regulamentos do ‘association’ gritavam de tudo e por tudo. Enfim, paciência!” Segundo nos conta o Mensageiro do Ribatejo.

Os grupos apresentavam um certo nervosismo fruto do resultado antecedente de 3-2 a favor do Operário. O Sport Lisboa e Vila Franca, foi o primeiro a marcar por intermédio de Goes, com culpas do defesa Tomé que permitiu a entrada do extremo direito na àrea e o remate já sem hipoteses de defesa. Minutos depois num contra-ataque dos preto e brancos, o proficuo trio Sousa-Pineta-J.Pedro decidiu abrir fogo e Sousa estabelece o empate. Canito nem sequer teve tempo de esboçar a defesa.

O Operário anima e vai á procura do segundo golo, que chega através da marcação de um livre por J.Pedro. Os ‘vermelhos’ procuram o empate, tendo ainda visto um golo invalidado por ter sido obtido com a mão de Barquinha. No final destacaram-se as exibições de Andrade e do trio Sousa-Pineta-J.Pedro do Operário.


Fontes: "Antologia Histórica de V.F.Xira" e Jornais Vida Ribatejana (1930-1940), Mensageiro do Ribatejo (1930-1935) e Goal (1933).
Agradecimentos Especiais: David Fernandes e José Machado pelo precioso contributo.


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