Lendas: Emanuel Lopes Jordão

Emanuel Lopes Jordão, 1997
Emanuel Lopes Jordão, o 'Menino Jesus' que o povo de Vila Franca, daquele tempo assim o baptizou e que sempre o considerou ao longo dos anos como tal.

Nascido numa noite fria de Natal, a 24 de Dezembro de 1914, onde a sua maternidade foi na cocheira desconfortável, em Vila Franca de Xira - sua muito estimada terra Mãe - tendo como agasalho íntimo a presença de dois animais.

'Menino...' que feito Homem, honrado, cumprido, discreto, que jamais ocultou a sua origem e os seus ideais, com dignidade respeitável. Que Alves Redol, seu grande amigo, eternizou a sua natalidade no seu livro «A Barca dos Sete Lemes».

Timoneiro das barcaças da vida, enfrentando tempestades, agarrado aos lemes, guiado por estrelas brilhantes que o atraiu ao associativismo de Vila Franca de Xira - «dinâmico, persistente, corajoso, mas sobretudo ma desto, lema dos seus traços fundamentais».

Autodidacta que procurou superar as insuficiências do ensino conseguindo em centros populares de cultura a partir de 1927, e que terminou a terceira classe na escola de Paiã decorridos quatro anos.

Início da escola de Vela, 1948

Activista pela cultura, nas instituições populares, iniciando-se (1932) na Associação da Classe Operária da Construção Civil, fechada pelo Governo poucos meses depois. Prosseguindo (1933) no Sport Lisboa e Vila Franca, também encerrado (1940), pelas autoridades ditatonais locais de então. Sem desânimo, criou a Comissão Pró-Biblioteca na Sociedade União Musical Vilafranquense (1942) e quando alterada esta denominação para Ginásio Vilafranquense (1948), assumiu também a organização da Secção Náutica entre outros, dando os primeiros passos para a criação da na ginástica, ea as diligencias frustradas na construção dum rinque de patinagem, na Avenida Municipal.

Foi o grande impulsionador dos desportos náuticos, dando início à prática da vela com o lançamento ao Tejo de 4 Moths do dia 28 de Setembro de 1948.

Constituída a fusão (1957) das quatro colectividades desportivas locais — Operário, Águia, Ginásio e Hóquei Clube — que originou a "União Desportiva Vilafranquense", exerceu funções dirigentes de Vogal, Tesoureiro, Presidente da Secção Náutica, fundador da Secção de Ginástica e apoiante da Secção Cultural.

Homenageado com o torneio náutico, baptizado "Emanuel Jordão" (1988), com a sua modesta humildade, própria do seu carácter, manifestou: "penso que não há razão nenhuma para o fazerem...". No "Dia da Cidade" (1992) foi-lhe atribuída, justamente, uma «Placa Autárquica de Mérito Associativo».

Escola Náutica da União Desportiva Vilafranquense

Cartaz da XXXIª Regata
"Emanuel Jordão"
"Destaque-se ainda que o "Emanuel Jordão" teve o rasgo e a modernidade de perceber que existem ideias que valem para toda a vida e para o futuro. Ele teve. no contexto daquela época, o mérito de saber atrair para o trabalho progressista e para a actividade cultural novas gerações que trouxeram wn longo fulgor, uma nova experiência, uma nova contribuição; bem como o de ter conseguido associar pessoas de origens sociais diversas..."

Palavras de Victor Dias, elemento da Secção Cultural da União Desportiva Vilafranquense de então, aquando do seu almoço comemorativo.


Largamente baseado no prefácio do Livro Antologia Histórica sobre o Movimento Associativo de Vila Franca de Xira 1853-1995

Fontes:
Antologia Histórica sobre o Movimento Associativo de Vila Franca de Xira 1853-1995 (1997)
Vida Ribatejana 01 de Outubro de 1948

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