Alexandre Silva "O Hóquei está vivo" - Entrevista

"Vila Franca de Xira tem tudo para crescer, só precisa de empreendedores"

Alexandre  Silva é um rosto conhecido do hóquei nacional, natural de Vila Franca de Xira. Depois de uma carreira internacional e de vestir as camisolas de Sporting e Benfica está de volta ao pavilhão José Mário Cerejo, na terra natal.


A cidade de Vila Franca de Xira tem tudo para crescer e basta haver maior dinamização e ideias empreendedoras para a tornar ainda mais apelativa. A ideia é defendida por Alexandre Silva, jogador e treinador de hóquei em patins, natural daquela cidade e que na última semana voltou a assinar pelo União Desportiva Vilafranquense (UDV) depois de uma carreira que o levou a jogar em França e com as camisolas de Sporting, Benfica e Alenquer e Benfica.

Vive no Bom Retiro, um dos bairros de maior dimensão da cidade, e admite que ainda pode ser feito mais e melhor para dinamizar aquela cidade ribatejana. Mas muito desse papel passa pelas pessoas: não vale a pena ficar só à espera dos políticos para resolver os problemas. "Com a minha experiência a viver e jogar em França tive a noção de como é outro país e outra cidade. Vila Franca de Xira ainda tem muito para crescer comparativamente a países lá fora. Temos de investir mais na terra. Gosto da minha cidade e de viver aqui mas precisamos de investir mais nela e no seu comércio", explica.

Numa conversa com O MIRANTE, a propósito do seu regresso ao UDV, Alexandre Silva elogia o passeio ribeirinho entre Vila Franca e Alhandra, local onde até já chegou a treinar. "Voltar a jogar em casa vai ser um misto de emoções e uma responsabilidade acrescida porque terei amigos e família a assistir. Isso é muito bom mas traz mais responsabilidade", confessa. Diz que vem para ajudar o clube a alcançar a segunda divisão e que vai ser uma luta dura. "Queremos trazer gente para o pavilhão mas para isso precisamos de resultados e mostrar que o hóquei está vivo. Está na hora das pessoas virem ver o hóquei a jogar", apela.


Alexandre é crítico da actual pouca visibilidade que se dá ao hóquei em patins comparativamente com outros desportos. "Não nos podemos esquecer que é a única modalidade em que somos campeões do mundo. Felizmente o hóquei está vivo e somos considerados, na primeira divisão, como o melhor campeonato do mundo. Mas a nível nacional ainda não tem o impacto que deveria ter", lamenta.

O UDV está na terceira divisão nacional e a tentar subir de divisão. Por causa da pandemia de coronavírus a nova época vai ser dura e será longa não podendo haver desleixo na preparação. Quem melhor estiver preparado sairá vencedor, garante o jogador.

COMEÇOU A PATINAR AOS QUATRO ANOS


Alexandre Silva tem 27 anos mas começou a patinar aos quatro no UDV. Ingressou no futebol aos seis anos mas foi pela mão de Ivo Saldanha, internacional da modalidade, que se apaixonou pelo hóquei. Aos sete anos calçou de vez os patins. Em 2003 entrou nos escalões de formação do Sporting e sagrou-se campeão nacional. Ao fim de três anos saiu para o Sport Alenquer e Benfica onde esteve duas épocas. Mais tarde foi convidado para vestir a camisola do Benfica e mudou-se para a Luz. Três anos depois voltou a Alenquer e já depois de se licenciar em Ciências do Desporto recebeu um convite para jogar no Mérignac, onde se sagrou vice-campeão francês durante dois anos.

"O Mérignac jogava constantemente as competições europeias e lutava pelos lugares cimeiros da primeira divisão. No primeiro ano joguei a taça CERS e no segundo ano a liga dos campeões. Cheguei a vir ao estádio da Luz. Foi uma experiência única que me fez crescer enquanto jogador", conta. Alexandre recorda as diferenças entre Portugal e França: enquanto por cá as viagens para jogar noutras localidades se fazem de autocarro, em França as ffistTariiJi.b chegavam a ser superiores a 900 quilómetros e percorriam-se em TGV, o comboio de alta velocidade.

Finda a experiência em França voltou a Alenquer para mais quatro épocas mudando-se depois para o União Vilafranquense onde espera ajudar a fazer a diferença numa modalidade onde o clube se quer afirmar perante a comunidade.

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