Mário da Rosa Gomes

Mário da Rosa Gomes


Apesar de ter nascido em Vila Real de Santo António em 25 de Abril de 1917, Mário Rosa nunca vestiu a camisola dos clubes da região. Com 11 anos mudou-se, com a sua família, para Casablanca em Marrocos e foi ai que começou a jogar, em pequenos clubes da cidade.

Aos 17 anos, Mário Rosa Gomes chegou às primeiras categorias do seu «team» marroquino, o Roches Noires, dividindo desporto com a sua profissão: mecânico de automóveis.

O Roches Noires um dos bairros coloniais de Casablanca, a meias com o Belvèdére um dos mais elegantes da cidade. Quando Mário chegou à baliza do Club des Roches Noires, o clube atravessava uma fase de seca de títulos. O português trouxe consigo a sorte e a sua equipa ganhou o Campeonato. Foi escolhido para a selecção regional de Casablanca: defrontou Oran e Tânger.

Chegaram as desavenças. Mário Rosa Gomes troca o Roche Noires por um dos rivais deste, o Union Sportive Athlétique (entretanto desaparecido), campeão em 1927 e 1929. Estávamos em 1934. A vida não tardaria a empurrá-lo na direção da foz do Tejo e da luz transparente de Lisboa num regresso forçado e contrariado. Os seus pais não esqueceram a sua pátria.

No dia 13 de Abril, ao cumprir 21 anos, marcha para Portugal e para a incorporação no serviço militar. Mas não esquece o Futebol nem as balizas. Dizem os repórteres da época que era de estatura média (1.72?), exibindo boa estampa e parecendo vender saúde. Falava um português «retorcido», dizem outros. Assim com laivos afrancesados. Um seu amigo de Casablanca escreve-lhe uma carta de recomendação para alguém ligado ao Benfica. Pelo caminho, Mário Rosa Gomes, treina-se no Sporting. Estranho? Ele próprio explicava: «O meu tio, em casa de quem estou, é adepto do Sporting. Perguntou-me se tinha preferência pelo Benfica e disse-lhe que não. Perante a minha resposta afirmou que gostaria de me ver nos 'leões'. Para mim, repito, em caso de igualdade visto ser agradável ao meu tio, escolherei o Sporting. E fui a dois treinos», diz. Marcador oficial de penáltis nos seus clubes marroquinos, vangloriava-se de ser, todas as épocas, um dos melhores goleadores. «Era infalível!».

Os jornais estranhavam: «Um guardião ganhador de castigos máximos? Entre nós nunca tal houve. Mário é, pois, uma novidade digna de atenção...» Em Portugal iria esquecer os golos. Ingressou no Sport Lisboa e Benfica na época 1937/38, estreando-se a 8 de Maio de 1938 num jogo frente à Académica, nas Amoreiras, para o Campeonato Nacional. O Benfica venceu, por 3-1. Houve um penálti contra a Académica. Mário não marcou. Marcou Rogério «Pipi»: e falhou. Ter-lhe-á arrancado um sorriso... Continuou a ser o único infalível."

Foi sua única aparição durante toda a temporada, já que Amaro foi titular indiscutível. No entanto, foi o suficiente para ele fazer parte do título de campeão. Nos "encarnados" construiu a sua carreira com vários títulos nacionais,apesar de nunca ter sido um titular indiscutível nas redes do "glorioso". Na temporada seguinte, a nova contratação Martins superou Rosa e Amaro para assumir a posição de guarda-redes, mantendo-a firme por seis temporadas, com Rosa apenas com um punhado de aparições e rebaixado para a equipa de "Reservas".

Na época de 1941/42 Mário Rosa enverga a camisola do Operário Vilafranquense, contribuindo para a conquista do 4º título de campeão da Série A da Associação de Futebol de Santarém, inscrevendo o seu nome a ouro nas ilustres páginas do futebol Vilafranquense. Daí em diante só vestiu a camisola do Benfica.

Em 1944/45, finalmente ultrapassou Martins assumindo-se como títular e jogou 21 jogos (13 no campeonato), para ajudar o Benfica a sagrar-se novamente campeão. No entanto, ele não consegue manter seu lugar na temporada seguinte (1945/46), com Martins aparecendo novamente como a primeira escolha. Em 1945/46 e depois em 1946/47, o Benfica contratou Pinto Machado e Contreiras, o que complicou ainda mais as suas oportunidades de jogar. Ainda assim, em 1949/50, Rosa ultrapassou todos eles para ser o guarda-redes mais usado na liga, conquistando seu terceiro título de campeão.

Foi Campeão nacional pelo SLB por 3 vezes, 1937/38 (1 jogo),1944/45 (13 jogos) e 1949/50 (16 jogos).

Fontes:
Vida Ribatejana nº955, 21 Setembro 1941
O Indefectível
Antigas glórias do futebol algarvio
Wikipedia

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